Desde antes do Natal já se falava em
Carnaval. Acho que desde a quarta-feira de cinzas de 2014 eu já tinha amigos
planejando a ida à Salvador e a compra dos abadás para 2015. É difícil encontrar
quem não goste ou não saia nos inúmeros blocos pelo Rio de Janeiro. Muitos
desfilam na Sapucaí, viajam, fazem churrascos infinitos, é tempo de festa,
farra e pegação. É uma pausa para
todos os problemas do ano, que mal começaram porque ainda estaremos em
fevereiro, mas funciona como um ponta pé
inicial para o ano novo. Quero aproveitar e contar um segredo para vocês. A pessoa
aqui, euzinha, não curte muito Carnaval. Principalmente o de rua. Conheço
muitos que também não curtem, sei que não estou sozinha, e essas pessoas, como
eu, viram extraterrestres aos olhos dos outros, ou seja, literalmente sofremos bullying
por semanas por não curtir o Carnaval.
Carnaval de rua pra mim é uma versão de
apocalipse zumbi com filme pornô. É um bando de gente fedida, suada, perdida, desesperada
por bebida e comida, pegando e agarrando o que vê pelo caminho, e mesmo que estejam
praticamente em um The Walking dead ainda sentem um mega tesão, mesmo sem
banho. Acredito que esteja sendo criticada nesse exato momento por todos que
amam Carnaval, que se jogam nos blocos e não se importam com os caras que fazem
xixi na rua e depois passam a mão em seus cabelos. Ou aqueles vestindo um abadá
do ano passado, com aquele sovaco cabeludo e pingando de suor e te dá aquele
abraço amigo.
Meus carnavais têm sido no meu quarto,
no ar condicionado, lendo um bom livro, assistindo a filmes antigos ou clássicos
na tevê, escrevendo, vendo os desfiles das escolas de samba devidamente de
banho tomado, com um pote de sorvete gigante e jogada na cama. As vezes até
arriscando uma ida ao cinema e à piscina.
Carnaval também é um bom período para
colocar tudo em ordem. Arrumar aquele armário que você se propôs a arrumar no
Carnaval de 2014 e não organizou até hoje, limpar o quarto e até colocar os
estudos ou trabalho em dia.
Mas quero deixar bem claro que se quiserem
minha companhia carnavalesca podem me chamar. Mas me chamem para uma ida a um
camarote Vip, a um baile reservado num clube, a um churrasco com local
refrigerado. Sou chata, velha, desanimada pra você, mas pra mim só quero paz,
tranquilidade e conforto. Quero deixar, por enquanto, o apocalipse zumbi só na
tevê, não quero vivê-lo.